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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

minhavida.com

Eu queria que existisse um HD externo pro meu cérebro. Daí eu poderia armazenar algumas informações ali que me seriam utéis só em alguns momentos, e quando eu realmente precisasse, eu conectasse ele, pegasse as informações e depois apagasse da minha memória interna.

Deletar arquivos do meu coração, que insistem em aparecer guardados em e-mails antigos que eu nem uso mais e salvar momentos novos que eu, se pudesse, daria um CTRL Z tantas fossem as vezes que eu quisesse relembrar.

Queria dar um CTRL N pra abrir uma nova página na minha vida. Escrever um novo documento do qual eu só gravaria o que realmente valesse a pena ser guardado.

Queria poder acionar o F1 e chamar alguém pra me ajudar quando eu não soubesse o que fazer da vida. Quando precisasse saber se o caminho que eu estou percorrendo é o mais certo. Saber quais links eu posso entrar, pra encontrar o que eu realmente procuro. E se fosse difícil encontrar, que existisse então um Google dentro de meu corpo e da minha alma que soubesse tudo o que eu desejo e me mostrasse assim de bandeja, na cara. E em poucos segundos.

Queria um Flickr só de pessoas que cruzaram o meu caminho e me fizeram bem. Onde eu pudesse ver seus rostos e me lembrar de cada momento que passei junto delas.

Queria um Twitter que falasse todos os pensamentos daquelas pessoas que eu morro de curiosidade por saber o que realmente estão pensando. O que estão sentindo, de verdade.

Saber decifrar cada código HTML de homens e mulheres, colocar eles todos dentro de um chat e fazer um tutorial de como lidar com o sexo oposto.

Queria que o amor permanecesse e quando algum novo vírus da paixão viesse atacar, pudesse ser colocado em quarentena pra quando eu puder viver essa paixão.

Gostaria de primeiro visualizar o que eu vou passar e fazer pra ver se dá certo, pra depois confirmar se vou fazer ou não. Muitas pessoas precisam visualizar suas atitudes antes de publicar seus erros.

Poderia também fazer umas limpezas de discos, pra ver se aumento a velocidade e desempenho dessa máquina humana. E quando meus joelhos já não forem mais os mesmos (e já não são) poder substituí-los por um arquivo mais novo e atualizado, sem dados do histórico.

Eu queria uns modelos já prontos de respostas que eu pudesse dar, na ponta da língua, quando me faltam as palavras e eu não sei o que dizer. E só descubro o que poderia ter dito um dia depois.

Gostaria de mudar de tema, me olhar no espelho e mudar o meu design, configurar as partes feias, recortar as partes que estão sobrando.

Dar um CTRL C em tudo que há de bonito nas outras pessoas: educação, gentileza, respeito e dar um CTRL V  nas outras pessoas que ainda não aprenderam o valor da vida.

Talvez pudéssemos justificar os discursos, alinhar os salários para margens mais ou menos parelhas, alterar estilos sem critérios de espaçamento entre as raças.

Dar um CTRL A e selecionar todos os meus melhores amigos pra fazer aquela festa, sem ninguém faltar.

Queria que as chamadas de vídeo do MSN também funcionassem lá no céu e eu pudesse falar, sem medo, com quem já se foi. Saber o que eles gostariam de ter falado e não tiveram tempo de fazer.

E às vezes gostaria de dar um reiniciar, um reset em toda minha vida, mas sei que faria tudo outra vez, e os erros seriam praticamente os mesmos. Talvez não na mesma ordem, talvez não com as mesmas pessoas. Mudaria apenas de endereço. Mas o assunto dos sites, continuaria o mesmo.

Ah, e gostaria realmente que o CTRL S salvasse tudo e a todos, porque Deus pode estar muito ocupado e precisando de ajudantes.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Coisas pra se fazer em dia de preguiça

Eu descobri que eu tenho o dom de conseguir fazer tudo que eu estava com preguiça de fazer há tempos, só pra não fazer o que eu realmente preciso fazer pra hoje. Foi aí que comecei esta lista de coisas que eu só faço em dias que eu deveria estar fazendo outra coisa... com certeza, muito mais importante do que estas citadas abaixo do texto. Ou seja, provavelmente esta outra coisa importante vai ficar com prazo curto de entrega por ter ficado tudo pra última hora e depois eu vou me dar por conta que podia ter feito ela bem mais rápido do que imaginava, era só concentrar, organizar e pronto: fazer!

O difícil nesse vuco-vuco que anda todo mundo (mesmo a gente sabendo que se organizando daria conta do recado e muito mais) é FOCO. A palavra de ordem agora é foco. Acho que esta geração está com tantas informações ao redor que é uma virtude ter foco hoje em dia. A gente começa fazendo uma coisa, parte pra outra, deixa pela metade, deixa as duas inacabadas e começa fazendo outra bem diferente. E, às vezes, acaba fazendo nada bem feito. E já tem na ponta da língua a resposta pra quando te perguntarem se tu pode fazer algo: putz, tô cheio de coisa pra fazer, nem sei por onde começar!

Sabe aquelas idosas que ficam na sala de espera dos médicos contando vantagens de quantas doenças têm? "Porque eu tô com um problema no joelhos...", "E eu então, caí um tombo, quebrei a perna e estou com o colesterol alto", "Ah, mas o médico já me disse que eu não posso comer isso nem aquilo, que eu tenho diabete e que posso ficar até cega", "E eu já nem sei se vou poder andar mais direito". Agora joga toda essa competição pro mundo dos mais jovens. Eles não tem tanta coisa pra fazer, mas a organização realmente é uma virtude que esta geração não consegue adquirir. Sabem porquê? Porque não tem pra vender pronta. Se tivesse um enlatado congelado de ORGANIZAÇÃO e FOCO eles até comprariam. Mas não tem pronto, não dá na mão, picadinho e quentinho, prontinho pra ser usado, ah então, deixa pra amanhã. Outro dia a gente vê isso. É, acho que eu faço parte dessa geração. Por isso, segue algumas coisas que eu faço quando, ah, você sabe, quando eu não estou muito afim de fazer o que deveria estar fazendo neste exato momento. Mas deixa pra amanhã. Amanhã eu continuo! ;)


  
  • Contar as moedas que eu já juntei no cofrinho.
  • Arrumar as roupas no quarto.
  • Jogar Freecell ou Paciência no computador.
  • Atualizar 100 vezes por minuto o twitter, o orkut e o e-mail.
  • Apagar e-mails velhos.
  • Ficar lendo as mensagens dos nicks dos amigos no MSN.
  • Ver mensagens antigas no celular.
  • Escrever na agenda coisas que eu sei que iria lembrar mesmo se não estivessem escritas.
  • Vontade louca de dormir mesmo estando sem sono.
  • Assistir novela ou Faustão.

 Ah, e escrever no blog mesmo sem ter assunto.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

A hora de sair de cena...

Sabe quando você está numa festa que está muito boa, o pessoal já começou a ir embora, mas você quer ficar só mais um pouquinho pra não perder nenhum minutinho? Mas se vai embora mais tarde fica com aquela sensação de "putz, eu devia de ter ido embora antes!". Estou sentindo isso com relação ao trabalho. Às vezes é melhor sair de cena na hora que a festa está boa e mesmo doendo, sabendo que talvez você perca aquele deslize da fulana, aquele babado do ciclano, é hora de sair à francesa e sair com a melhor imagem possível na sua memória (acho que por isso que eu não vou em velório, prefiro ficar com aquela imagem da pessoa viva).

Dói saber que ao sair de um emprego você seja substituível por outra pessoa mais engraçada, talvez até mais talentosa, mas é preciso cortar o cordão umbilical. É saudável. A vida é feita de vais e vens e isso a gente não consegue controlar. É difícil se conformar com a perda de alguns colegas que se tornaram amigos, pessoas que você convivia todos os dias e que tornavam os seus longos dias de trabalho mais prazerosos. Compensava o stress, o cansaço. E dava ânimo pra tu sair de casa cedinho e ir trabalhar mais um santo dia.

E quando a coisa começa a não fluir mais, que você vê que já é hora de se despedir, já está tarde, você precisa sair da festa antes que o feitiço da fada madrinha se quebre... mas a festa está boa e você não quer que o tempo passe. Não quer ver o que não está dando certo. A gente acaba vendo só as coisas boas. É como num namoro que às vezes o casal nem se gosta mais, mas continuam ali tentando ressucitar algum sentimento que ainda há e acabam só enxergando o lado bom um do outro no final, com medo da separação, que a razão sabe que seria a melhor solução.

Difícil separação, em qualquer situação. Estou me separando de diversas coisas neste mês. Algumas boas, outras nem tanto. Mas eu só consigo me lembrar das coisas boas que tive durante o período. E abrir mão de certas coisas é renunciar a certas regalias, a certos hábitos, que com o tempo vão ser substituídos também e não farão mais tanta falta quanto a gente imagina. Mas, no início, parece que a gente não consegue viver sem. Ainda bem que somos seres adaptáveis, moldáveis. E a vida assim como tira coisas da gente, também nos traz muitas coisas novas e boas.

Está parecendo como quando eu ía nas festinhas de garagem e a mãe vinha buscar no melhor momento da festa e a gente ía lá no carro, morto de vergonha dos outros colegas, e dizia: "Mãe, não dá pra tu vir me buscar mais tarde? Deixa eu ficar só mais um pouquinho?" Hoje eu faço o papel do filho (emoção) e da mãe (razão) que corta o nosso barato, mas a gente sabe que ela está fazendo o melhor pra gente. O que a razão está mandando. E é a minha consciência que diz que o melhor é ir embora, antes que a festa acabe, todo mundo vá embora e eu ainda fique pra lavar a louça e colocar os restos no lixo.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Família Lima na frequência perfeita!

Acabei de chegar do show da Família Lima, que ocorreu no Parque Ambiental da Souza Cruz. Perfeito mesmo! Em questão do meu trabalho, cheguei atrasada, ainda antes do show, mas não consegui aqueeeele bom lugar que eu gostaria. Não me abalei!!! Sentei na última fileira com a mesma animação de quem estava na primeira. Apesar da chuva e do frio (tive que bater palmas em quase todas as músicas pra ver se espantava um pouco aquele vento geladooo), acompanhei o show do início ao fim.


Mas o show parece que demorou pra esquentar. Até a 4ª música eles não deram nenhum "oi" pra galera! Ah, sim, lembrei, no final da terceira eles gritaram "Boa noite, Santa Cruz!". Achei tão estranho até este momento, parecia que a gente não estava ali. Mas depois que o Lucas abriu a boca, o show realmente começou.


Me surpreenderam tocando covers de Legião Urbana (Pais e Filhos), Titãs (Aluga-se - já na parte do bis do show), e sim, da esposa e cunhado Sandy e Jr (Abri os olhos - que eu ainda prefiro mais a Sandy cantando esta música do que ele!). Teve direito a um murmuro da plateia quando ele comentou que a música era da sua esposa, seguidos de aplausos (até agora não entendi se o aplauso foi pra ele ou foi pra ela!).


Acho que um dos momentos ápices do show foi, com certeza, o passeio dos violinistas no meio do corredor da plateia. Mas a pobre e atrasada aqui não pôde ver eles de pertinho, porque eles não foram até o final do corredor. Outro momento marcante foi o primeiro bis com a canção "Céu, sol, sul, terra e cor", com direito a coral da plateia durante toda a música.


Mas como um programa de "Família" que se preze, tenho que enfatizar um ponto que foi essencial no show: volume na medida certa. Tanto que, no início, fiquei na dúvida se era um playback ou eles realmente estavam tocando ao vivo. Bem bem no começo do show, o Lucas tocou guitarra - com bastante distorção até - e minha mãe, que não curte isso, não me olhou com cara de quem estava sendo agredida por altos decibéis agulhando seus ouvidos. Outra coisa legal foi ver o violino do Lucas com som de guitarra. Foi um clássico bem moderno, na frequência certa. Afinal, estávamos num show de "Família", neste caso, Lima! :P

domingo, 24 de outubro de 2010

Turistas nos barzinhos de Santa Cruz

Em outubro, aqui em Santa Cruz, é o mês em que mais há turistas pela cidade. Tem Oktoberfest, tem Stock Car, tem Oktobermoto, e daqui há pouco já vem o ENART por aí. E no dia-a-dia eu não sinto nada de diferente aqui a não ser vendo gente tirar fotos no túnel verde e na Catedral, carros com placas de outras cidades... Mas nos finais de semana eu toco em barzinhos. E é aí que eu sinto a diferença.


Não tem como não notar a diferença na plateia, principalmente no quesito educação e valorização da cultura. Neste findi tive a oportunidade de tocar na Sunset na sexta e no Quiosque no sábado. Não vou dizer que eles bateram palmas em todas as músicas. Não, não foi pra tanto. Mas o olhar atento, a ida ao banheiro com um sorriso seguido de um comentário positivo sobre a música (sim, eu não sei porque, mas em todos os lugares que eu toco, o palco sempre fica perto dos banheiros). Acho que nunca vi o Quiosque tão movimentado. E as mesas continuaram ocupadas quase até o fim da apresentação. Se foi por causa da música, não posso afirmar. Até porque dono de bar não gosta que clientes fiquem ocupando a mesa durante muito tempo. Eles dizem que o restaurante/bar tem que ter giro. E a música, segundo eles, atrapalha porque as pessoas continuam na mesa, sem consumir, só pra assistir a música ao vivo.


Enfim, pensamentos hipócritas à parte, ontem eu pude sentir a hospitalidade dos turistas. Sim, acho que este termo serve mais para a cidade que recebe os turistas. Mas ontem foi justamente o contrário: eu me senti acolhida pelos turistas. E não há nada como um bom sorriso e uma apresentação inicial falando e olhando no olhos de cada cliente, que não conquiste e dê abertura pra eles chegarem até a gente e darem a sua opinião quando passarem pra ir no banheiro...


Dífícil ver o mesmo acontecendo quando não há eventos turísticos naquele dia. Afinal, santo de casa não faz milagre, já dizia minha vó que eu nem conheci. Gente daqui não valoriza quem é daqui, isto é fato. As pessoas pensam que o músico local está aqui porque não tem capacidade e talento suficiente pra sair da cidade. Os motivos que me levam a estar em Santa Cruz ainda eu nem sei bem dizer quais são. Mas tenho certeza que muitos artistas locais estão aqui por opção. Estar solteiro não dizem que pode ser uma opção? Porque músico talentoso não pode continuar na sua cidade de origem e as pessoas pensarem que isso também é uma opção?


Valorize quem é daqui!!! Porque quem ainda está aqui é porque valoriza e gosta de morar nesta cidade que recebe diversos turistas - aqueles mesmos que acolhem e valorizam quem é daqui.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

ODEIOOOOOO

Odeio sanduíches e comida fria.
Odeio levantar cedo.
Odeio ter que ir no médico. Odeio hospital. Odeio agulhas.
Odeio gente falsa. Odeio gente se fazendo.
Odeio gente que provoca e no fundo não quer nada.
Odeio gente que não muda e diz que nunca vai mudar e acha que todo mundo tem que aceitá-la assim.
Odeio rotina. Odeio acomodação.
Odeio coca-cola. Odeio torta de bolacha.
Odeio ter alergia a camarão.
Odeio não ter nascido linda.
Odeio ter olheiras. Odeio ter nascido com a pele tão branca.
Odeio quando os mosquitos e bichos me acham, mesmo tendo 20 pessoas numa mesma sala sem ver eles.
Odeio não ter cabelo comprido. E ele ainda ser cacheado. 
Odeio ter que cortar as unhas pra tocar violão.
Odeio ser estudiosa e não inteligente.
Odeio não ter nascido com uma voz de negona, daquelas que chega a dar medo quando abre a boca.
Odeio celulares desligados.
Odeio ser ignorada. Odeio indiferença.
Odeio quando compro um aparelho e ele não funciona. Ou ainda descobrir que eu é que não sei usar ele direito.
Odeio não ter aquela resposta na ponta da língua na hora certa. E só me lembrar do que eu poderia ter dito um dia depois.
Odeio gente que fica batendo na mesa como se fosse uma bateria.
Odeio quem fica batendo os pés quando estou tentando me concentrar em algo importante.
Odeio quando a bateria do celular, ou da câmera digital, ou do notebook, acaba justo na hora em que eu mais preciso deles ligados.
Odeio quando alguém que eu não gosto me diz algo sobre minha personalidade que eu ainda não tinha percebido. E pior ainda quando eu sei que a pessoa está certa.
Odeio quando alguém só vê o que eu fiz de errado.
Odeio quando dá pau no programa que estou usando e eu não tinha salvo metade do trabalho no computador.
Odeio pedreiros e quem me conhece sabe e compreende o porquê.
Odeio não saber todas as palavras da minha língua e ainda querer aprender outra.
Odeio não saber conjugar todos os verbos. Odeio quem inventou tanta regra no português.
Odeio sentir saudade. Odeio distância.
Odeio despedidas. Odeio ter que me separar de alguém justo quando estou mais próxima dessa pessoa.
Odeio saber que alguém não gosta de mim da mesma forma que eu gosto desta pessoa.
Odeio não ter o controle da situação. Sim, eu confesso.
Odeio não saber onde você está.
Odeio não saber o que eu quero realmente da vida.
Odeio não me entender por completo.
Odeio não saber como terminar esta lista! :P

ADOOORO

Eu sei, é uma lista infinita. Mas eu tentei. ;)

Adoro quando o dia está ensolarado.
Adoro não ter nada pra fazer depois do almoço.
Adoro poder dormir até mais tarde.
Adoooooro dormir.
Adoro só ter namorado homens que não eram fissurados por futebol.
Adoro um colo. Adoro um abraço.
Adoro não precisar pensar.
Mas adoro fica matutando coisas e sonhando acordada.
Adoro filosofar, e faço isso bêbada ou não.
Adoro jogar Freecell e Paciência quando a internet não conecta.
Adoro quando falta luz e jogo cartas ou Stop com a família.
Adoro sair pra passear sem rumo com meu carro. Adoro dar voltinhas de carro.
Adoro quando acho aquela vaga no estacionamento no horário mais movimentado do dia.
Adoro praia. Adoro uma rede. Adoro caminhar na areia. Adoro tomar sol. Adoro uma corzinha de verão.
Adoro cantar. Adoro tocar teclado. Adoro tentar tocar violão.
Adoro filmes. Adoro música. Adoro escrever.
Adoro escrever bilhetinhos pra quem eu vejo todo dia. Ou pra quem eu quase nunca vejo.
Adoro controle remotos. Adoro apertar botões.
Adoro ganhar presentes. Adoro dar um presente e ver na cara da pessoa que ela gostou muito.
Adoro beijar na boca. Adoro uma boa pegada.
Adoro ser surpreendida.
Adoro sair com as amigas. E dizer de boca cheia: Só vim pra dançar!
Adoro pessoas alto astral. E só atraio gente louca!!
Adoro ouvir as pessoas. Adoro ser ouvida com atenção.
Adoro fazer as pessoas rirem.
Adoro sorrisos, olhares. Adoro observar as mãos das pessoas.
Adoro observar os gestos únicos de cada um. O jeito de caminhar.
Adoro tudo que faço. Mesmo sempre reclamando e nunca achando que foi bom o suficiente.
Adoro fotografar os outros. Adoro registrar os bons momentos. Adoro olhar fotos antigas.
Adoro me maquiar. Adoro um espelho, mas só depois do meio-dia.
Adoro o arroz da minha mãe. Adoro tudo que ela faz.
Adoro até brócolis. Adoro cereja.
Adoro chocolate com morango.
Adoro misturar doce com salgado. E comer primeiro pizza doce e depois a salgada.
Adooooro comer.
Adoro escovar meus dentes andando pela casa.
Adoro viajar. Adoro conhecer lugares, pessoas, comidas, tudo novo.
Adoro reconhecer coisas velhas.
Adoro voltar pra casa.
Adoro ouvir muitas vezes uma mesma música em alto e bom som.
Adoro dançar. Adoro correr.
Adoro tomar água.
Adoro ver o pôr-do-sol.
Adoro azul. Adoro lilás, caramelo, cores pastéis.
Adoro flores amarelas. Adoro amarelo.
Adoro compôr à noite.
Adoro admirar o que há de mais simples.
Adoro meus momentos de solidão. Meus momentos de pós-desespero e achar que tudo vai dar certo.
E quase sempre dá. Porque eu vou mais forte e vou acreditando.
Adoro olhar pra trás e lembrar de momentos que eu sei que não haverá nada nem parecido.
Adoro olhar pra frente e não saber o que virá.
Adoro seguir a vida sem saber direito o que, pra onde, porquê, pra quê...
Adoro dúvidas. Adoro me questionar.
Adoro tudo que tenho. E algumas coisas adoro não ter que ter.
Adoro escrever tudo isso que eu adoro e saber que eu não sou a única que adoro as mesmas coisas.
Adoro saber que em algumas coisas, sim, eu sou única. E essas poucas coisas me fazem sentir especial.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Ando sem tempo...

Ando meio sem tempo. Sem tempo pra ver o sol nascer. Sem tempo pra cuidar de mim. Pra fazer algo que eu realmente goste. Pra dormir. Pra dormir mais um pouco. Pra conversar com os amigos sem ter hora pra voltar pra casa. Sem tempo pra ler um livro. Pra sentar na frente de casa e ficar só olhando o movimento, observando as pessoas, os carros. Sem tempo pra comer sentindo o gosto da comida. Sem tempo pra ganhar aquele colo e ficar ali, pensando em nada. Ando sem tempo até pra pensar. Pensar na vida, em como eu poderia aproveitar melhor o tempo. Ando querendo um tempo.


Um tempo que eu pudesse usufruir o dinheiro que ganho trabalhando o dia inteiro. Tempo pra arrumar as coisas. Pra jogar algumas tralhas no lixo. Pra trazer outras tralhas novas que daqui há um tempo vou querer jogar fora de novo. Queria ter tempo pra visitar meus parentes. Pra rever amigos distantes. Tempo pra viajar. Tempo pra me permitir fazer o que eu desejo e não o que eu devo. Queria só aquele tempo. Aquele tempo que eu sei que não vai mais voltar. Mas queria aquele tempo que está logo ali pra eu poder resolver minhas pendências... ops, esse tempo já passou.


Queria um tempo pra fazer nada e ao mesmo tempo tudo. Tudo o que eu preciso fazer depende de mais tempo pra eu terminar de fazer. E bem que podia haver mais horas no dia. Mas eu sei que se tivesse, elas já estariam ocupadas. E quanto mais tempo se tem, mais coisas se arruma pra fazer. O tempo é relativo. O tempo é elástico. Porque eu sempre preciso de mais tempo. E ele nunca vai ser suficiente pra eu viver tudo que quero viver. Basta eu ver que não tinha tempo pra escrever nada no blog, e aqui estou eu, sem tempo pra terminar o texto do jeito que eu queria.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Comunicar

Não importa que língua você fale
De onde você vem ou para onde você vai
Não importa de que jeito você fala
Com sotaque ou sem
Se você é alemão, chinês, árabe, italiano, inglês, espanhol, francês, grego, brasileiro ou japonês
Não importa quais as palavras que você diga
Você pode ser compreendido em qualquer lugar do planeta
Até mesmo se você não consegue falar (libras)
Ou não consegue ver o que há escrito em sua frente (braile)
Os seus olhos, o seu sorriso, as suas mãos
O seu corpo fala mais que qualquer palavra
E a voz acaba servindo apenas como um canal
Que reafirma o que seu corpo quer transmitir
Basta você estar aberto para receber as mensagens que há ao seu redor
Falar, comunicar, expressar, dizer,
Você é a soma de tudo o que vê, lê, ouve e sente
E em outro lugar do mundo, pode haver alguém igual a você
Que pensa da mesma maneira, mas fala diferente
Mas é só uma forma diferente de dizer a mesma coisa
No fundo, todos só querem dizer o que sentem


Texto produzido para o programa Unisc TV Arte do qual faço parte:

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Escrever é imortalizar

Papel em branco, Mente vazia
E eu preciso escrever
E há tantas coisas a serem ditas
Mas como encontrar as palavras certas¿
Como saber a melhor forma de dizer o que quero
Queria poder viver para sempre
E a forma que escolhi pra ser eterno foi escrever
Então, me pus a procurar em meus pensamentos
É como se eu tivesse um baú, onde lá ficassem guardados todos os meus pensamentos
E eu fosse juntando um ao outro, formando algo novo
Escrevi sobre o que eu sentia
E outra pessoa ao ler se identificou
Porque busca o mesmo na vida
Ou porque um dia alguém também lhe tocou
De um verso a outro, tudo o que escrevi permaneceu
As palavras ditas, o que pensei um dia
Nasceu de mim, mas em mim não morreu
Me transformo em livro, me vejo escrito
Em um pedaço de caminho que seguirá vivo enquanto o sol nascer
Posso um dia ter morrido, mas o que ficou dito
Não depende mais de mim para eternamente viver


 
(Texto produzido para o programa Unisc TV Arte)
 

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Ler ou não ler? Eis a questão!

Ler ou não ler? Eis a questão!
Será mais nobre eu morrer tendo estudado a vida inteira
Ou viver compartilhando o pouco que sei?
Será válido eu tentar congelar as horas
Lutando contra as marcas do tempo
Ou me preocupar em acrescentar conhecimento
Ao meu ser que instiga constantemente
Por algo a mais
E ele sempre quer mais
Ler dará asas ao meu pensamento
Ler me levará pra lugares que eu não conheço
Me dará a sabedoria
Mas viajar me trará a experiência
E os outros seres, em meio a convivência
Irão despertar a minha curiosidade
Irão me questionar, me fazer pensar
E talvez até duvidar de minha existência
O que o livro pode me proporcionar?
O que o universo pode me mostrar?
Queria mais horas do dia para poder aproveitar de tudo que tenho direito
Ler, aprender, compartilhar, viver
Enfim, ter a certeza de que ao ler o que outro ser escreveu
Terei tempo para poder passar adiante
E não morrer levando tudo que sei
De nada valeria ler todos os livros do mundo
Se não pudesse contar ao mundo tudo o que sei
 
 
(Texto que fiz para o programa Unisc TV Arte deste mês)

domingo, 8 de agosto de 2010

Até onde a beleza é benefício?

Tenho uma amiga muito bonita, daquelas que não passam despercebidas nem pelos olhares masculinos, nem pelos femininos. Sim, porque a gente sabe que está realmente arrasando quando as outras mulheres te olham!! Porque na real, homens vão olhar pra ti até se tu for mais ou menos. Mas mulheres não. Mulher quando se sente ameaçada, encara!!! De cima a baixo! Não é à toa que dizem que mulher se arruma pra outras mulheres e não para os homens. Eu não discordaria!


Mas como eu me coloco no grupo das digamos "normais", sem muitos atributos favorecendo, eu tive que me aperfeiçoar na lábia. E sempre observei muito o comportamento das pessoas. E como diria a música "no meu cantinho, boto pra quebrar". Posso não conquistar o cara de primeira, mas me dá um mês que eu marco a minha passagem pela vida dele pra sempre! hahahaha


Já me senti muito incomodada com o meu visual. Mas acho que com o passar dos anos aprendi a valorizar aquilo que tenho de bom e a eliminar ou amenizar aquilo de que não gosto muito e que acho que não me valoriza. Me tornei uma pessoa vaidosa, gosto de me maquiar, de me arrumar, enfim, hoje me aceito assim e gosto de mim assim do jeitinho que eu sou! Finalmente emagreci o que eu achava suficiente pra me sentir bem comigo, com a balança e com o espelho. Fiz uma plástica nas orelhas.  E com outras coisinhas pequenas e simples, fui levantando minha auto-estima até o ponto certo.


Mas como comecei o texto falando dessa minha amiga bonita, digo o que realmente me indaga neste instante: eu que me considero "normal" estou noiva, com dois empregos, e ela, linda, um amor de pessoa, solteira e desempregada? Até onde a beleza tem seu benefício? Comecei a observar. No meu ponto de vista, as mulheres bonitas têm que estar sempre provando que não são apenas bonitas. As feias têm que sempre provar o que têm pra oferecer, já que nasceram só com o rascunho feito. Mas eu só vejo mulher bonita solteira. O que justificaria isso?


Quanto à parte do emprego, se mulheres bonitas tem mais facilidade em arranjar, não é o que eu estou querendo analisar hoje. A minha indagação se restringe ao lado emocional. Será que as feias são pra casar? Será porque tiveram que criar conteúdo extra pra conseguir conquistar as pessoas? Isso significaria que as bonitas seriam consideradas apenas pra se divertir e as feias pra ter relacionamentos mais sérios? Será que incomoda ter uma namorada bonita e ter que ficar cuidando a todo momento pra nenhum outro homem vir disputá-la e tu não ter dor de cabeça? Será que os homens se sentem ameaçados quando namoram uma mulher muito bonita tendo que provar para os amigos como conseguem namorar ela?


Já namorei homem bonito e digo: foi um caos na minha vida. Eu, como parte do clube das "normais" tinha que escutar comentários como: "mas como é que ele tá com ela? o que ele viu nela? como ela consegue segurá-lo? será que ela é boa de cama? ah, com certeza ele namora com ela, mas deve chifrá-la muito". Aff, sim, muitos comentários bem mais maldosos que estes eu aguentei! Mas o que me confortava e me deixava segura é que ele estava ali sempre do meu lado e me provava com atitudes que estava comigo porque realmente era de mim que ele gostava. Se isso era verdade ou não, eu acreditei! E hoje, olhando pra trás,  ainda acredito que tenha sido verdade. Mas digo: namorar homem muito bonito, nunca mais! Confesso que a insegurança sempre me rondava por mais confiança que eu tivesse nele. Até porque nem minhas melhores amigas conseguiam segurar os elogios a ele. Eu sabia que qualquer deslize, bye-bye, a fila anda meu bem!


E essa minha amiga bonita tem muitos homens atrás dela. Mas nenhum se mantém. Eu sempre digo pra ela: "tu tem muitos voando e nenhum na mão". E acho que ela tenta entender a mesma coisa que eu estou me indagando agora. Mas confesso, não tenho respostas! Não consigo entender o que justifica essa condição das mulheres bonitas. Eu só sei que eu prefiro não ficar na responsa de ter que provar algo pra ninguém. Acho que só fiz todas essas mudanças em mim, porque queria provar pra mim mesma que eu conseguiria cumpri-las. E realmente não sei até onde ser mais bonita me traria algum benefício. Prefiro impressionar pelo conteúdo do que pela embalagem! Afinal, o embrulho vai pro lixo mesmo e no nosso caso vai pra baixo da terra. Agora o que eu deixei aqui de conhecimento e de contribuição intelectual mesmo, vai permanecer aqui pelo menos enquanto meus filhos (que ainda não tenho) e amigos viverem e transmitirem o que aprenderam comigo!

sábado, 31 de julho de 2010

Ensinando e aprendendo

Há duas semanas estou dando aulas de teclado na Academia de Música Evidências. Entrar substituindo alguém, já é um desafio de bom tamanho. Ganhar diversos alunos de uma só vez, cheios de diferenças de aprendizagem e de vários níveis diferentes é um desafio maior ainda. Depois do primeiro impacto, estou me acostumando com a nova rotina e confesso: estou adorando dar aulas. Nunca pensei que diria isso, mas realmente é sensacional a gente ver o aluno aprendendo. Observar todo o processo de aprendizagem de alguém é, sem dúvida, algo mágico!  No meu caso, me refiro a dar aulas particulares e não em grupo.


Como já peguei o bonde andando, alguns alunos estavam estudando a mesma música, e é incrível a diferença de uma pessoa pra outra, a forma de tocar, a forma de aprender, a dificuldade de cada um, as manias e temperamentos, o jeito com que eles se auto-criticam quando erram, a maneira como comemoram quando acertam. É muito bom observar. Eu sempre fui fissurada pelo ser humano. Por tudo que envolve as relações humanas. Principalmente no que diz respeito a como compartilhar uma informação que você já tem conhecimento a outra pessoa que não sabe nada sobre aquilo.


É preciso saber como fazer para que cada pessoa aprenda da melhor forma o mesmo que você sabe, sob as condições e limitações dela. Parece que você tem que entrar no mundo dela, na forma, no jeito como ela pensa, nas "bagagens" que essa pessoa trás dentro de si, para ensinar de uma forma que aquela pessoa específica aprenda à sua maneira. Esses dias me deparei com um aluno dos pequenos, que não conseguia entender as divisões rítmicas. Para ele entender fração, porque teoria musical é pura matemática, é fração pura, fiz uma analogia das figuras com moedas de 1 real, 25 e 50 centavos, e assim por diante. Isso é um dos milhares de exemplos que se pode dar para a pessoa entender melhor. Aliás, como a música tem todo um simbologismo nas partituras, nada como se utilizar de analogias com coisas que as pessoas vivem todos os dias para fazê-las compreenderem mais facilmente aquilo que aparentemente está tão distante da realidade delas.


Não consigo desassociar o "ensinar" como "aprendendo em dobro". Assim como eu estou compartilhando o que já sei, o que aprendi, estou todos dias aprendendo algo novo. E o que eu tenho estudado, o tempo que tenho dedicado pra preparar as aulas, pra me desenferrujar de tanto tempo sem estudar tem sido muito desgastante, mas ao mesmo tempo gratificante. Estou conseguindo perceber resultados em mim e nos alunos. Me divirto trabalhando! E espero que eles também se sintam assim: aprendendo sem pressão e sem stress. Além do mais, música também é terapia e muitos estão lá não só para aprender como também para fugir um pouco dos seus problemas diários. Eles sabem que naquele momento da aula será um instante da semana em que eles vão parar e fazer algo por si mesmos. Algo que gostam e sentem prazer em fazer. E digo, o prazer também é meu! ;)

terça-feira, 27 de julho de 2010

Apenas uma reflexão do meu momento

Este ano completou 4 anos que eu toco em barzinhos. Passou tão rápido e ao mesmo tempo eu vi muita, muita coisa acontecer. Tantas coisas que poderia escrever um livro sobre tudo que eu vejo do palco e por trás dos palcos. Aprendi muito no bar. Coisas que nenhuma escola, nenhuma aula de canto, nenhum canudo de graduação me ensinaria. Perdi o medo de falar em público, adquiri muita cara de pau mesmo. E de um ano pra cá, tenho me sentido mais livre. Mais à vontade, mais eu. E não levem para o lado egocêntrico da coisa. Eu simplesmente acho que me aceitei como Lívia e aprendi a me conhecer melhor. Aprendi a gostar de mim e a mostrar para as outras pessoas como eu quero que elas me vejam.


Acho que tudo veio de um processo bem lento, mas que valeu muito a pena e eu consigo perceber todo o resultado. Finalmente estou colhendo os primeiros frutos de uma plantação que custou vários desafios. E o pior desafio estava aqui, bem dentro de mim. Ops, eu mesma. Parei de achar que o mundo estava contra mim, simplesmente aceito quando não estou bem e vivo aquele dia como um dia passageiro, um dia para refletir, para me conformar que nem todos os dias são iguais, nem são tão bons assim. Mas amanhã terá sol. Amanhã eu terei uma outra chance. E o fato de eu pensar que amanhã existirá, é porque tenho fé. Pra mim, o meu gesto de colocar o relógio para despertar no outro dia, é sinal de que eu tenho fé.


E quando comecei a acreditar em mim e tomar posse dessa pessoa que me tornei e de que tenho orgulho, aceitei melhor o tempo que as coisas acontecem. E cada coisa tem o seu tempo. Eu também tive o meu. Não foi da noite pro dia que eu comecei a cantar, não foi num piscar de olhos que eu toquei piano, tudo fez parte de um processo. "A gente não se liberta de um hábito atirando-o pela janela: é preciso fazê-lo descer a escada, degrau por degrau" (Mark Twain). E até eu processar tudo, foi o tempo certo para eu chegar aqui e perceber todos estes resultados. E valorizá-los. E como é difícil a gente se perceber. É muito mais fácil perceber as mudanças nas outras pessoas, incluindo as rugas, as manias e tudo que é defeito nos outros. Como eu me olho todos os dias no espelho, parece que eu sou aquela velha menina tímida, desconfiada, desajeitada....


Ainda bem que o tempo colaborou! Mas se eu não fizesse nada por mim, nada mudaria. Sempre gostei de me desafiar e de nunca me conformar com: "ah eu nasci assim e pronto, o resto que me aguente!". Não que eu queira agradar as outras pessoas, mas acho que gentileza, educação, bom caráter, são princípios básicos para uma boa convivência e indo ao encontro da campanha que está rolando na UNISC, eu quero ser lembrada como uma boa pessoa. E eu não mudo pelos outros, mudo por mim mesma, pelo que eu acho certo. Pelo que eu acho melhor pra mim. Aliás, acho que no fundo, ninguém muda por ninguém não. A gente só muda quando enxerga que aquilo ali tem que ser assim porque a gente acha que é o melhor pra gente, e não porque outra pessoa acha isso.


Enfim, comecei o texto falando dos barzinhos. Pois bem, posso dizer que os "botecos" me ensinaram muito. Aprendi a lidar com pessoas diferentes, a observar como as pessoas agem em grupos (na noite todo mundo quer conquistar o outro, independente de qualquer intenção), aprendi a vender minha dupla e banda, a entender um pouco mais do que se passa na cabeça dos contratantes, em como eu posso fazer pra eles me entenderem, aprendi em como conquistar o público (com humildade e um bom e largo sorriso no rosto). Quando eu subo no palco, esqueço o que estava lá atrás (problemas, preocupações) e estou ali assim como o garçon está para o bar. Sim, não posso pensar que estou fazendo um show num boteco. Ali eu sou um legítimo cartão de visitas. As pessoas podem entrar no bar e se sentirem à vontade com o ambiente, com a decoração. Mas se as peças vivas que compõem o bar não estiverem de acordo com esse "aconchego", pode ter certeza: os clientes não voltarão outra vez ao mesmo bar. Por exemplo, se eu ficar aumentando o volume pra que eles prestem atenção em mim a todo custo, só vou afastá-los do meu objetivo. E do objetivo do dono do bar também. Eu sei: o dono quer que eles bebam mais pra vender cerveja, as pessoas estão indo lá pra se divertir e se distanciar dos seus problemas em casa e no trabalho, e eu estou lá pra fazer o que gosto e ganhar meu dinheiro no final da noite. Mas não é só isso. Entender esse processo que estou há 4 anos, me deixa mais conformada porque sei que o que eu tinha pra absorver de observações e aprendizado, eu consegui ao longo desse tempo. O boteco me ensinou e eu "me deixei aprender"!

terça-feira, 6 de julho de 2010

Gentileza, prazer!

Há algumas semanas, eu estava indo para o meu curso de inglês, passando por uma esquina de um famoso bar aqui da minha cidade, justo no horário de happy hour, com muitas pessoas já bebendo, passando de carro pra ir pra faculdade ou saindo do trabalho. Fui caminhando e observando aquela pressa no olhar das pessoas pra chegar a lugar nenhum. De repente, no meio daquele tumúlto, vejo uma menina carregada de sacolas, vinda com certeza de um supermercado. No mesmo instante que a vi, só ouvi o estouro de coisas caindo no chão e as sacolas se arrebentando uma a uma em minha frente.  Aliás, sobrou somente uma pra contar a história e servir de step para os produtos das outras sacolas arrebentadas.

A menina ficou parada, não sabia se juntava, se deixava tudo ali jogado... E todo mundo parado ao redor dela, sem reação. Imediatamente me ofereci para ajudá-la. E os olhos ao redor ligeiramente se viraram pra mim. Eu, sem me sentir envergonhada, já fui ajudando-a a colocar as coisas de volta ao seu lugar e a própria menina teve uma reação um tanto estranha comigo: não sabia se agradecia, se ficava desconfiada com o meu gesto de bondade ou se me deixava ali pra ficar com a vergonha dos olhares alheios só pra mim.

Educadamente entreguei as sacolas arrebentadas e ela, ainda meio sem jeito, me agradeceu. Quando saí da cena, parece que tinha perdido uns 5 quilos de tanto ser analisada. Aos poucos, as pessoas foram voltando as suas conversas e aos seus pensamentos. E eu, continuei andando como se nada tivesse acontecido. Não sei se me senti melhor por isso ou não. Talvez depois que passasse por ela, me arrependesse de não tê-la ajudado. Mas fiquei com aquela sensação de dever cumprido. Dever? Não sei se devia, mas o fato é que agi sem pensar mesmo, simplesmente sou assim: não consigo jogar lixo no chão, não consigo ver alguém tropeçando de cair duro e não ir lá ajudar. Coração mole, minha mãe diria. E tenho certeza que ela faria o mesmo. Ou seja, minha mãe me deu educação e fez com que eu agisse assim, bem obediente, sempre optando pelo bom senso.

Mas o que me impressionou foi a reação das pessoas com a minha atitude. Não pensei que causaria tanto impacto em meio aquele movimento todo de pessoas pra lá e pra cá. No final do ano passado, em um pequeno discurso em meio a uma apresentação da dupla que toco, eu disse que faltava gentileza nas pessoas. Aquelas pequenas coisas do dia a dia que foram se perdendo como levantar do banco que se está sentado para uma grávida ou idoso que não tenha lugar vago para sentarem, abrir a porta do edifício e esperar o vizinho que está se aproximando, dar "bom dia", perguntar "oi, tudo bem?" e esperar pra ouvir a resposta, olhar para as pessoas quando caminho na rua, entre outras pequenas coisas. Pra mim, não são pequenas. São mais grandiosas do que muita coisa que está sendo inventada por aí. Aliás, acho que precisamos reinventar a comunicação humana.

Comunicação não é somente através da fala, porque o nosso corpo também fala: as nossas mãos falam (quando se está nervoso, tentamos escondê-las pra escondermos nossa insegurança); os nossos olhos falam (pra que caminhar na rua, passando reto sem olhar para os lados, para as pessoas que cruzam o mesmo caminho que o seu?); todo o corpo fala de alguma forma. O contato de um ser humano a outro está se perdendo. Uma vez falei que talvez fosse culpa da tecnologia: computadores, amizades virtuais e superficiais... mas acho que a culpa é do homem mesmo. Tenta inventar tantas coisas e acaba esquecendo das mais naturais, que são vitais ao nosso viver. E a gentileza pode ser o caminho pra nos encontrarmos de novo e nos comunicarmos uns com os outros, com educação e respeito pelo outro. E quando alguém não agir com gentileza, não precisa dar o troco na mesma moeda. Mostre que tem educação e desarme quem não a tem. Se a pessoa apenas estiver em um dia ruim, vai se dar por conta na hora de que não o tratou da maneira como deveria. Dever? Talvez seja mesmo um dever. Caso o outro não conheça a Gentileza, simplesmente apresente: Gentileza, prazer!

terça-feira, 4 de maio de 2010

Quem cala, consente!

Tenho notado em vários comentários com amigos que as relações se complicam justamente no silêncio. Algumas precisam de mais silêncio mesmo e o mínimo de interferências externas. Mas a maioria acaba se afundando em um silêncio que vai se acumulando ao longo dos anos. O marido tem certeza que a mulher sabe que ele não gosta de cebola no arroz. A mulher tem certeza que o marido sabe que ela não gosta que apertem a pasta de dente de uma tal maneira. Mas, na realidade, nenhum sabe dos gostos um do outro. 

Porque no início da relação é uma fase de descoberta constante. Tudo é motivo de curiosidade: Como tu gosta que te façam carinho? Qual é a parte que você mais gosta em mim? O que você mais gosta de comer? Qual a sua cor preferida? Você quer descobrir tudo do outro, pra agradar e conquistar este outro. Aí a paixão vai embora, as perguntas começam a ser menos frequentes e o silêncio vai tomando conta. Não se tem mais o que descobrir. Eu já sei tudo. Conheço ele há anos, ele nunca faria isso. Porque o meu marido gosta disso assim. Porque minha mulher sempre fala assim. Parece que nada mais nos surpreende.

Você tem certeza que seu marido sabe que você não gosta de lavar a louça, porque você sempre foge, vai no banheiro e só chega na cozinha quando ele já está lavando. Ou ele nunca faz isso e você fica "p da vida" porque ele faz isso de propósito. Ora, ele sabe que eu não gosto e mesmo assim não colabora. Mas você nunca disse: amor, prefiro secar a louça, vamos manter um trato? Quem cozinha, seca a louça? 

Ele tem certeza que você prefere passar a roupa do que tirar o pó, porque você nunca tira o pó. Não! Ele simplesmente não tem bola de cristal pra saber que você não gosta disso, simplesmente porque não faz. Simplesmente ele não sabe, porque você nunca disse.

E se baseando em deduções, a gente vai deixando o silêncio falar mais alto, acumulando fatos e atritos que quando chegarem a certo ponto, vão incomodar tanto que vão parecer catástrofes. Vão causar brigas desnecessárias, por bobagens que você vai parar uma hora e vai se perguntar: Nossa, porque a gente tá brigando por isso? Que coisa à toa! Mas mesmo sabendo disso, você vai ficar se remoendo e vai querer discutir até que o outro entenda, por bem ou por mal, que você quer as coisas do seu jeito. Porque aí nesse ponto, nem vai importar o que o outro prefere. Você já está querendo é se vingar do desgraçado que insiste em fazer daquele jeito, mesmo sabendo que você não gosta, só pra te irritar.

E o outro? Nem sabe. Nem tem como entender o porque dessa tempestade em copo d'água. Porque o silêncio fez questão de esconder o porquê. Ele é quem está no controle da situação agora. O diálogo já está fora do vocabulário de muitos relacionamentos. Talvez até o marido e a mulher já estejam fora desses relacionamentos. Talvez não fisicamente, mas em pensamento... já era! E garanto que quando acabar, não vão nem saber o porquê.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Não complica, explica!!!

Porque a gente complica o que é tão simples? Seria tão mais fácil chegar pro outro e dizer:

"Olha, eu não gostei disso que tu fez, mas gosto de ti independente disso, só tenta não repetir mais o erro, tá?"

"Eu tô de cara com a vida, tô afim de ir pra academia e ficar sozinha hoje, podemos nos ver amanhã? O problema é comigo, não tem nada a ver com a gente, ok?"

"Poxa, adorei ter ficado contigo, tu também tá afim, vamos ficar juntos sem cobranças, sem pensar no que vai acontecer... sem fazer planos!"


Se tudo fosse tão simples assim... E pior que realmente é! Mas as pessoas complicam. Se não tem problema, arrumam. Se tem cabelo liso, querem encaracolado; se estão solteiras, querem ter namorado; se estão comprometidas, querem estar solteiras... O ser humano nunca está realmente satisfeito. E quando consegue conquistar aquilo que tanto desejou, o "aquilo", agora, já não é o bastante. Sede de quero mais.

No início de um relacionamento já começam as contradições... se um não dá bola, tá se fazendo. Se o outro dá corda, tá dando muita bandeira e se precipitando. Se um rejeita o outro, o outro acaba se apaixonando. Se um corre atrás, o outro pega nojo e foge. Se ser sincero (nossa, se tivesse que falar isso em voz alta não sairia! hehe) afasta as pessoas, o negócio então é não demonstrar, não falar, deixar tudo na dúvida, mandar o coração pras cucunhas, ver o navio passar, pensar em outra coisa pra não cair na tentação de sair falando o que pensa e o que sente.

Porque o coração não se impõe contra a cabeça? Porque temos que ser racionais quando o assunto é do outro departamento chamado coração? Porque quando somos racionais ao tratar deste assunto, o outro acaba tratando com emoção ao invés da razão? Porque o amor tem que ser esse jogo de eu tô por cima, eu tô comandando a situação, eu tô mais seguro... Pra que jogar? Pra que ter que pensar, quando o momento é de sentir e deixar rolar? Porque o coração não pode se manifestar? Porque temos que nos resguardar tanto, quando a vontade real é de se entregar àquela sensação boa... sensação esta que nenhuma razão saberia descrever. Então, porque se mete se não sabe nem explicar!!

Se o segredo é ter o mistério e saber mantê-lo para o outro se surpreender ao longo da relação, porque ativaram essa função no coração de querer se expressar? Se o bom é saber que se é amado e está amando, porque inventaram que a cabeça tinha que participar da história?

Os setores extremos de nosso corpo não podiam se enfrentar assim, nem ter acesso a certas informações um do outro. Deveria ser um mercado clandestino, no qual cada um fizesse as transações de maneira independente, sem deixar rastros nem indícios. Deveriam ter feito os dois na mesma altura, sem hierarquias e sem contato. Cada um no seu quadrado. Simples assim. E na verdade, é tudo simples. Mas inventaram o homem, o cérebro, o coração e aí jogaram o amor pra dentro do mesmo jogo. O segundo tentou entender, o terceiro tentou sentir, o amor tentou unir os dois, mas acabou botando mais pilha na briga... e o homem? Se fudeu.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

ALI no meu caminho...

Faz tempo que não escrevo aqui no blog e nem vou prometer que vou voltar a escrever sempre ou uma vez por semana, porque sei que talvez isso não irá acontecer. Mas, às vezes, a vida puxa o freio de mão e nos faz parar pra refletir sobre o que estamos fazendo.

Como algumas pessoas já sabem, esta semana eu perdi uma grande amiga. Não daquelas que tu vê todo dia, nem daquelas que tu sai todo fim de semana pra beber, nem daquelas que tu diz eu te amo sempre que conversa. Mas, do seu jeito, ela era especial. E era especial em vários sentidos, mas principalmente em um deles: os olhos. Ela enxergava muito além do que muitas pessoas enxergavam, “vendo” a mesma coisa. Sim, ela era deficiente visual. E me fez ver o mundo de outro sentido.

Mara, assim como eu, também era cantora. Cursava Direito e no último fim de semana de sua vida, estava fazendo um concurso pra juiz. Estava feliz, estava bem. Com exceção de uma dor que há dias a incomodava, embaixo do coração, perto das costelas, segundo ela. Mas ela não quis ir no médico, foi empurrando com a barriga e enfim, até agora não sabemos a causa da sua morte. Ela morava sozinha e ninguém sabe o momento exato da morte. Ela só foi encontrada em casa pela sua irmã na terça à noite, sendo que a última vez que alguém conversou com ela, foi na segunda à tardinha. Foi enterrada no feriado de Tiradentes. Confesso que no dia fiquei chocada com a notícia, mas não tinha caído a ficha como nesta quinta. Pensei muito nela, em tudo que tínhamos passado juntas. Enfim, não posso me esquecer do dia em que nos conhecemos.

Eu estudava e estava sempre na Academia de Música Evidências. Quando ela subiu a escada com sua famosa bengalinha, e eu já estava atendendo 3 pessoas quando ela chegou. Fiquei meio sem reação, porque eu nunca tinha lidado, nem conhecido, uma pessoa cega. Sem pensar falei: “Eu estou atendendo algumas pessoas, tu poderia sentar ali e aguardar um minutinho¿”. Ela: “Claro, se tu me disser onde é que é o ALI, eu posso esperar!”. Morta de vergonha, eu e os outros clientes fomos lá e ajudamos ela a sentar. Mas logo vi que ALI nascia uma grande amizade.

Passei a dar mais valor pra certas coisas, simples e que eu achava insignificantes. Aprendi a como guía-la, como tratá-la, como servi-la em um restaurante cheio de pessoas sem paciência pra esperar alguém se servir e ainda servir outra pessoa junto. Mas foi um grande aprendizado pra vida. Agradeço a Deus por ter colocado ela ALI no meu caminho. E esta semana estou muito reflexiva quanto ao que estou fazendo aqui nesse mundo. O que vou levar dele¿ Um amigo se foi, outros virão eu sei. Mas ninguém é substituível. Eu acho que os amigos são justamente o que temos de mais precioso em nossa vida. E certamente a única coisa que nos manterá vivo eternamente é a memória daqueles que ficarão e lembrarão em certos momentos que a gente algum dia existiu. Eu tenho a foto dela, as mensagens que ela me mandava seguido por celular, mas em si, eu tenho a memória de todos os momentos que passei com ela.

Por isso não troco meus amigos por nada. Não troco ficar em casa olhando TV se eu tiver a opção de estar com um amigo naquele momento. Não troco ficar no computador horas e horas, se eu souber que tem alguém que quer me ver e quer compartilhar momentos comigo e que isto sim, ficará guardado, marcará pra sempre.

Às vezes é difícil de entender porque umas pessoas gastam com coisas materiais e outras gastam com momentos especiais. Pra que fazer uma festa gastando R$ 10.000 em decoração se tu pode convidar teus amigos e fazer algo mais simples, mas só o fato de estar com eles, já vale mais que 10.000 que você vai gastar e no outro dia a floricultura e as promoters vão levar embora.

Os meus amigos não. Os meus amigos estão guardados aqui dentro. E ninguém tira. E quando eu digo que alguém é meu amigo, é porque eu realmente considero esta pessoa como alguém que eu posso contar e que vou torcer e estar sempre ao lado. E amigos mesmo, a gente conta nos dedos. Não é por acaso que algumas pessoas se atraem, têm afinidades, pensam da mesma forma – e às vezes nem concordam, mas aceitam você mesmo assim.

Ter amigos de verdade, pra mim, é uma honra. Saber que alguém confia em mim é o melhor elogio que eu posso ganhar. Dedico este “texto”/desabafo a todos aqueles que estiveram ALI no meu caminho, em especial minha querida amiga Mara que, agora, descansa em paz. E espero que, se existe vida após a morte, esteja ela onde estiver, que ela possa “enxergar” o quanto deixou sua marca AQUI em nossas vidas.