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terça-feira, 17 de março de 2015

A utilidade de ser inútil por um dia!

O que fazer num dia de folga? Eis aí uma coisa que eu tive que aprender a fazer. Depois de passar anos trabalhando direto, quando eu tinha uma folga era difícil me contentar em ficar sem fazer absolutamente nada. Me sentia meio inútil, com aquela sensação de "mas eu podia estar fazendo outra coisa nesse tempo ocioso". Que nada! Deveria de estar fazendo é nada mesmo. 

Quando se trabalha com o que era hobby, se confunde muito hora de folga com hora de trabalho. Demorei muito tempo pra perceber isso, mas como vivo da arte, percebi que ela não poderia viver de mim. Quando a minha paixão virou profissão, tive que impôr limites e organizar meus horários para que quando tivesse folga, fosse realmente uma folga de tudo, para desocupar a mente e descansar o corpo. 

Demorou, mas finalmente aprendi. Aprendi a ocupar a folga com outras coisas. Visitar amigos foi uma delas. Rever antigos colegas de trabalho. Trocar experiências, saber o que fizeram de suas vidas depois que perdemos o contato, nos ajuda a entender e refletir um pouco mais sobre o caminho que trilhamos depois dessa separação. Nos conhecemos melhor a nós mesmos ao reconhecer o outro.

Hoje tirei o dia pra reencontrar pessoas que fizeram parte da minha vida. Visitei uma amiga que teve filho, conversei com uma amiga que pensa em ficar grávida, outra que está pensando em se separar. Depois dei um pulo na universidade pra jantar com o namorado, e aproveitei pra rever ex-professores e ex-colegas de trabalho. O dia foi tão produtivo quanto se fosse trabalhado. Me senti útil mesmo não trabalhando. 

Porque nos sentimos útil só quando recebemos algo em troca? Ajudar um amigo faz muito mais diferença do que trabalhar um dia inteiro pra se sentir fazendo alguma coisa. Não digo que precisa-se tirar um dia inteiro pra fazer nada, mas ter pequenos espaços dentro de nossos dias para fazermos "nada" faz com que aprendemos muito mais do que se estivéssemos estudando a finco para ser alguém. 

Algumas pessoas me perguntaram hoje "porque não terminou a segunda graduação? faltou tão pouco!". Eu me pergunto "que diferença faria?". O que eu aprendi na faculdade me ajudou e me ajuda muito, mas quando vi que aquilo não me acrescentava mais, não adiantaria ir até o final. Não desisti por falta de persistência. Desisti por opção, por uma escolha que fiz pra minha vida, e sabia de todas as consequências que aquela decisão me traria. 

Hoje ao rever pessoas do passado, revi os meus últimos anos em minutos ali conversando. Percebi que a vida vai nos levando por caminhos que a gente mesmo escolheu sem saber. As circunstâncias nos levam a fazer coisas que nunca imaginamos. Mas quando olhamos pra trás percebemos que no fundo é exatamente o que queríamos. Nem sempre o que buscamos é o melhor. Mas a vida se encarrega de nos mostrar que tudo o que vivemos de alguma forma a gente buscou, atraiu para a nossa vida. Afinal de que serve o livre arbítrio se não nos mostrar que somos feitos das escolhas que fizemos, mas de consequências que nem sempre é o que esperávamos. A gente escolhe o caminho, mas o que virá depois não podemos controlar.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Suicídio

Todas as vezes que alguém comete um suicídio eu fico meio pensativa. Fico refletindo sobre a vida, sobre as pessoas, fico só observando a vida meio de longe o dia todo.

A vida é passageira ou a gente é passageiro dela?  Pessoas que tiram a sua própria vida é como se estivessem vendo a vida passar ali da janela do ônibus só esperando a próxima parada pra descer, antes mesmo de chegar no seu destino final. Loucos pra acabar logo com essa viagem, ao invés de apreciar a paisagem, saborear cada quilômetro que se roda. Têm alguns quilômetros que parecem que não vão passar nunca. Mas têm outros que dá vontade de pedir para o motorista voltar só pra gente passar mais uma vez por ali. Talvez mudando de poltrona pra ver de um ângulo diferente a mesma coisa.

Desistir de tudo assim tão fácil? As pessoas que tentam fugir do problema viajando eu até entendo, mas viajar dessa pra "melhor" é difícil de aceitar. Às vezes penso: eu nunca teria coragem. Mas seria coragem ou fraqueza? Porque coragem seria se a pessoa enfrentasse seja lá qual for a situação que estivesse passando.

Vejo tantas pessoas desistindo. Todos os dias tem alguém saltando do ônibus. Larga do trabalho no primeiro obstáculo que aparece, desiste do namoro na primeira briga, desiste de um curso na primeira falha que cometer. Tem aqueles que ficam pulando de poltrona em poltrona porque colocam defeito em todas, seja o chefe, o namorado, o emprego, um instrumento musical, ou até um carro. Estão sempre insatisfeitas. Nada compensa, porque não conseguem ver algo de bom naquilo que incomoda. E ao não saberem lidar com a situação, preferem pular fora, partem pra outra.

Sempre achei que o tipo de pessoas que faziam isso era o mesmo. Mas tenho me surpreendido. As pessoas ultimamente estão tão preocupadas em passar para os outros que estão bem, que quando menos se espera alguém que você nunca desconfiaria que sofre de depressão comete suicídio sem deixar vestígios do porquê, sem ter nenhum motivo aparente nem para os mais íntimos. Fico pensando se é coisa de um momento, de uma fase, ou se isso já vem de tempo, se a pessoa já tem propensão a fazer este tipo de coisa.

Desde que comecei a trabalhar com crianças vejo que esta insatisfação já começa cedo a se pronunciar. Elas mal iniciam algo e já desistem por qualquer problema que houver. E são difíceis de negociar. Não têm foco, não têm persistência. Se tivessem que criar algo como um Titanic, não sairia do papel ou afundaria antes mesmo de sair em alto mar. Não consigo imaginá-los alçando altos vôos. Como imaginá-los em uma viagem longa, se os vejo escolhendo o livro pelo número de páginas? O que será no futuro? Fico ali observando e imaginando-os como serão como adultos. Frustrados, no mínimo, não terminaram nada. Ou nem começaram. Vejo-os tão sem iniciativa. Muito raro quando alguma ideia parte deles. Só consigo os ver partindo da ideia, fugindo de criar algo com suas próprias mãos.

Fico pensando, somos nós que podamos essas crianças? Somos nós que não estamos sabendo valorizar o que eles têm de melhor? Estamos levando eles ao suicídio de sua própria personalidade? Gostaria que a viagem terminasse diferente. E que todos chegassem ao final tendo apreciado o caminho que percorreram. Que não quisessem desistir, que tentassem ao menos arriscar indo um pouco mais além. Por mais difícil que esteja o tempo, seguissem a viagem tranquilos de que qualquer tempestade não perdurará. E que o sol que virá no dia seguinte os fizesse querer estar ali ainda, nessa viagem que a gente nunca sabe a hora que acaba. Que comprem uma nova passagem, mas sigam em frente. #partiu #aproveitaravida

sábado, 3 de janeiro de 2015

Complete-se!

Vivemos esperando aquele alguém perfeito, do jeito que a gente sempre sonhou. Mas não conseguimos enxergar certas vezes aquele alguém que é perfeito para o que a gente precisa. Ninguém cruza nosso caminho por acaso, nisso eu acredito. Para cada momento, há pessoas que a gente precisa conviver, mesmo às vezes não gostando muito, não aprovando certas atitudes do outro. Mas precisamos passar por aquela experiência, com alguém daquela personalidade para aprendermos com nós mesmos. Às vezes não nos encaixamos porque somos muito iguais, outras por sermos muito diferentes. Mas a verdade é que cada um tem aquilo que precisa para ser alguém melhor.

Tenho muitas amigas que vivem escolhendo rapazes e estão sempre sozinhas. Não que tenha que sair namorando qualquer um. Mas são exigentes demais. Nada é bom o bastante. Enxergam mais os defeitos do rapaz do que o que ele realmente tem de bom. Enxergam mais a aparência, do que o que há por dentro. Mais a beleza do que o próprio caráter. Não digo que vão morrer sozinhas. Mas enquanto verem o futuro só através de uma outra pessoa em suas vidas, não evoluirão. 

Precisamos ser alguém melhor pra conquistar alguém melhor. Se quer alguém perfeito, primeiro seja perfeito para si mesmo. Procure evoluir, procure melhorar como pessoa. Não pelas outras pessoas, não apenas para conviver melhor, mas por você mesmo. Quando se muda não é pra agradar aos outros, mas a si próprio. A gente se sente melhor quando consegue fazer as outras pessoas ao nosso redor melhores também. 

Eu diria que essas pessoas que só procuram, não se acham, não se encontraram. Por isso procuram o que falta, porque não se sentem completas. Mas o que falta na gente não virá apenas de uma outra pessoa, mas sim da experiência que você tiver com as outras pessoas a sua volta. É tudo compartilhado. Você se alimenta daquilo que você transmite. Por isso para 2015 eu desejo que você se ache. Não procure fora! Se encontre dentro! Se complete por dentro para depois encontrar algo que o agregue lá fora. É o que eu desejo pra mim, é o que eu desejo pra todo mundo. Feliz ano novo!