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quarta-feira, 28 de abril de 2010

Não complica, explica!!!

Porque a gente complica o que é tão simples? Seria tão mais fácil chegar pro outro e dizer:

"Olha, eu não gostei disso que tu fez, mas gosto de ti independente disso, só tenta não repetir mais o erro, tá?"

"Eu tô de cara com a vida, tô afim de ir pra academia e ficar sozinha hoje, podemos nos ver amanhã? O problema é comigo, não tem nada a ver com a gente, ok?"

"Poxa, adorei ter ficado contigo, tu também tá afim, vamos ficar juntos sem cobranças, sem pensar no que vai acontecer... sem fazer planos!"


Se tudo fosse tão simples assim... E pior que realmente é! Mas as pessoas complicam. Se não tem problema, arrumam. Se tem cabelo liso, querem encaracolado; se estão solteiras, querem ter namorado; se estão comprometidas, querem estar solteiras... O ser humano nunca está realmente satisfeito. E quando consegue conquistar aquilo que tanto desejou, o "aquilo", agora, já não é o bastante. Sede de quero mais.

No início de um relacionamento já começam as contradições... se um não dá bola, tá se fazendo. Se o outro dá corda, tá dando muita bandeira e se precipitando. Se um rejeita o outro, o outro acaba se apaixonando. Se um corre atrás, o outro pega nojo e foge. Se ser sincero (nossa, se tivesse que falar isso em voz alta não sairia! hehe) afasta as pessoas, o negócio então é não demonstrar, não falar, deixar tudo na dúvida, mandar o coração pras cucunhas, ver o navio passar, pensar em outra coisa pra não cair na tentação de sair falando o que pensa e o que sente.

Porque o coração não se impõe contra a cabeça? Porque temos que ser racionais quando o assunto é do outro departamento chamado coração? Porque quando somos racionais ao tratar deste assunto, o outro acaba tratando com emoção ao invés da razão? Porque o amor tem que ser esse jogo de eu tô por cima, eu tô comandando a situação, eu tô mais seguro... Pra que jogar? Pra que ter que pensar, quando o momento é de sentir e deixar rolar? Porque o coração não pode se manifestar? Porque temos que nos resguardar tanto, quando a vontade real é de se entregar àquela sensação boa... sensação esta que nenhuma razão saberia descrever. Então, porque se mete se não sabe nem explicar!!

Se o segredo é ter o mistério e saber mantê-lo para o outro se surpreender ao longo da relação, porque ativaram essa função no coração de querer se expressar? Se o bom é saber que se é amado e está amando, porque inventaram que a cabeça tinha que participar da história?

Os setores extremos de nosso corpo não podiam se enfrentar assim, nem ter acesso a certas informações um do outro. Deveria ser um mercado clandestino, no qual cada um fizesse as transações de maneira independente, sem deixar rastros nem indícios. Deveriam ter feito os dois na mesma altura, sem hierarquias e sem contato. Cada um no seu quadrado. Simples assim. E na verdade, é tudo simples. Mas inventaram o homem, o cérebro, o coração e aí jogaram o amor pra dentro do mesmo jogo. O segundo tentou entender, o terceiro tentou sentir, o amor tentou unir os dois, mas acabou botando mais pilha na briga... e o homem? Se fudeu.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

ALI no meu caminho...

Faz tempo que não escrevo aqui no blog e nem vou prometer que vou voltar a escrever sempre ou uma vez por semana, porque sei que talvez isso não irá acontecer. Mas, às vezes, a vida puxa o freio de mão e nos faz parar pra refletir sobre o que estamos fazendo.

Como algumas pessoas já sabem, esta semana eu perdi uma grande amiga. Não daquelas que tu vê todo dia, nem daquelas que tu sai todo fim de semana pra beber, nem daquelas que tu diz eu te amo sempre que conversa. Mas, do seu jeito, ela era especial. E era especial em vários sentidos, mas principalmente em um deles: os olhos. Ela enxergava muito além do que muitas pessoas enxergavam, “vendo” a mesma coisa. Sim, ela era deficiente visual. E me fez ver o mundo de outro sentido.

Mara, assim como eu, também era cantora. Cursava Direito e no último fim de semana de sua vida, estava fazendo um concurso pra juiz. Estava feliz, estava bem. Com exceção de uma dor que há dias a incomodava, embaixo do coração, perto das costelas, segundo ela. Mas ela não quis ir no médico, foi empurrando com a barriga e enfim, até agora não sabemos a causa da sua morte. Ela morava sozinha e ninguém sabe o momento exato da morte. Ela só foi encontrada em casa pela sua irmã na terça à noite, sendo que a última vez que alguém conversou com ela, foi na segunda à tardinha. Foi enterrada no feriado de Tiradentes. Confesso que no dia fiquei chocada com a notícia, mas não tinha caído a ficha como nesta quinta. Pensei muito nela, em tudo que tínhamos passado juntas. Enfim, não posso me esquecer do dia em que nos conhecemos.

Eu estudava e estava sempre na Academia de Música Evidências. Quando ela subiu a escada com sua famosa bengalinha, e eu já estava atendendo 3 pessoas quando ela chegou. Fiquei meio sem reação, porque eu nunca tinha lidado, nem conhecido, uma pessoa cega. Sem pensar falei: “Eu estou atendendo algumas pessoas, tu poderia sentar ali e aguardar um minutinho¿”. Ela: “Claro, se tu me disser onde é que é o ALI, eu posso esperar!”. Morta de vergonha, eu e os outros clientes fomos lá e ajudamos ela a sentar. Mas logo vi que ALI nascia uma grande amizade.

Passei a dar mais valor pra certas coisas, simples e que eu achava insignificantes. Aprendi a como guía-la, como tratá-la, como servi-la em um restaurante cheio de pessoas sem paciência pra esperar alguém se servir e ainda servir outra pessoa junto. Mas foi um grande aprendizado pra vida. Agradeço a Deus por ter colocado ela ALI no meu caminho. E esta semana estou muito reflexiva quanto ao que estou fazendo aqui nesse mundo. O que vou levar dele¿ Um amigo se foi, outros virão eu sei. Mas ninguém é substituível. Eu acho que os amigos são justamente o que temos de mais precioso em nossa vida. E certamente a única coisa que nos manterá vivo eternamente é a memória daqueles que ficarão e lembrarão em certos momentos que a gente algum dia existiu. Eu tenho a foto dela, as mensagens que ela me mandava seguido por celular, mas em si, eu tenho a memória de todos os momentos que passei com ela.

Por isso não troco meus amigos por nada. Não troco ficar em casa olhando TV se eu tiver a opção de estar com um amigo naquele momento. Não troco ficar no computador horas e horas, se eu souber que tem alguém que quer me ver e quer compartilhar momentos comigo e que isto sim, ficará guardado, marcará pra sempre.

Às vezes é difícil de entender porque umas pessoas gastam com coisas materiais e outras gastam com momentos especiais. Pra que fazer uma festa gastando R$ 10.000 em decoração se tu pode convidar teus amigos e fazer algo mais simples, mas só o fato de estar com eles, já vale mais que 10.000 que você vai gastar e no outro dia a floricultura e as promoters vão levar embora.

Os meus amigos não. Os meus amigos estão guardados aqui dentro. E ninguém tira. E quando eu digo que alguém é meu amigo, é porque eu realmente considero esta pessoa como alguém que eu posso contar e que vou torcer e estar sempre ao lado. E amigos mesmo, a gente conta nos dedos. Não é por acaso que algumas pessoas se atraem, têm afinidades, pensam da mesma forma – e às vezes nem concordam, mas aceitam você mesmo assim.

Ter amigos de verdade, pra mim, é uma honra. Saber que alguém confia em mim é o melhor elogio que eu posso ganhar. Dedico este “texto”/desabafo a todos aqueles que estiveram ALI no meu caminho, em especial minha querida amiga Mara que, agora, descansa em paz. E espero que, se existe vida após a morte, esteja ela onde estiver, que ela possa “enxergar” o quanto deixou sua marca AQUI em nossas vidas.