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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Teoria das Reticências

Muita gente próxima a mim sempre vive me dizendo: lá vem a Lívia e suas teorias... Pois bem, resolvi expor uma delas aqui para todos... Hoje escolhi a teoria das reticências... Tudo começou quando minha mãe e uma amiga minha estavam aqui em casa lendo um texto escrito por mim há muito tempo e falaram que eu colocava muitas reticências até onde não necessitava... Nunca tinha percebido essa minha tendência às reticências... Você já percebeu algo estranho nesse primeiro trecho...? Vou ver até onde eu aguento com elas...

Depois que elas mencionaram essa minha mania, minha amiga disse: é porque tu sempre deixa reticências nas tuas relações também... tu nunca terminou uma relação por inteiro, sempre deixou algo no ar... E minha mãe, pra completar, concordou... Eu comecei a me observar... Realmente tinha algo de verdade naquilo que elas disseram... Hoje em dia já não me sinto com essa característica tão forte assim... Mas ainda continuo deixando muitas coisas no ar... Prefiro sempre deixar na dúvida, do que dar total certeza da minha intenção pra outra pessoa...

Sempre deixei inacabadas relações que não tiveram duração longa... Namoros eu sempre acabei 100%. Nenhum dos meus ex eu mantenho uma relação que fique algo no ar, sempre tudo muito às claras, sem deixas. Mas em compensação outros romances sempre ficaram em abertos... nunca um ponto final. Sempre vírgulas, "e se..." ou reticências...

Afinal, o mistério é o que faz a relação (qualquer relação) durar mais... Se eu mostrar tudo de uma vez só, que graça teria? É preciso sempre surprender o outro... e surpresa nada mais é do que ter sempre algo novo a ser mostrado... E quando achar que já mostrou tudo, saber reinventar o que já é conhecido... Haja criatividade nos relacionamentos...

Hoje em dia, até uso as reticências, porém me mantenho no mesmo texto, cultivando as palavras inesgotavelmente neste mesmo assunto, admirando as vírgulas, adiando um ponto final. Deste meu texto atual, aceito dois pontos, exclamo as alegrias, interrogo os obstáculos, volte e meia dou uns travessões, mas luto todos os dias para que o texto nunca acabe, só se reescreva.