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sábado, 13 de novembro de 2021

Antes que a morte chegue, acorde!

Hoje faleceu um músico que eu queria muito bem: Celso Rosa. Não éramos tão próximos, mas sempre que estivemos juntos foram momentos especiais. De descontração, de alegria, de muita música. Hoje eu tinha tirado o dia pra ficar mais comigo, pensando nos novos projetos, organizando tudo. E no meio disso tudo, fiquei sabendo dessa morte. A morte é algo que sempre choca, mesmo sendo a única certeza que a gente tem na vida. Eu estava com tantas dúvidas sobre o futuro essa semana, tentando viver o presente, mas preocupada com várias coisas. Daí vem uma notícia assim e me faz parar para refletir sobre tantas coisas. A morte da Marília Mendonça também tinha me trazido muitas reflexões. Dentre os muitos posts daquele final de semana, vi um que dizia que algumas pessoas estavam se questionando se estariam trabalhando/estudando demais e "perdendo" a vida. Acho que nossa preocupação deveria ser: estou correndo atrás dos meus sonhos, mas estou aproveitando o caminho? Ou estou focado só na chegada?

Li outro post que dizia: "Sempre que estiver esperando a hora certa para fazer algo, lembre dos adesivos dos seus cadernos de infância. Você usou as figurinhas?" Eu não! Elas íam acumulando de um ano para o outro na agenda e eu sempre com pena de usar. A gente sempre espera AQUEEELE momento. Sempre esperamos a melhor hora pra fazer algo. A melhor ocasião para usar aquela roupa nova. O melhor momento para começarmos algo novo, que sempre tivemos vontade de fazer, mas nunca nos permitimos. 

Você usou a bota pela última vez e não sabia que seria o último dia frio daquele inverno. Você saiu pra jogar bola com seus amigos na rua pela última vez e não sabia que seria a última vez. Você beijou aquela boca pela última vez, sem saber que era a última vez. Isso mudaria o seu beijo? Seria mais intenso? O que você faria se soubesse que seria a última vez? Saber o dia da morte, mudaria a forma como você viveria até lá?

Sei que tem um livro, não lembro o nome, mas ele é um compilado de depoimentos de pessoas idosas, que falam sobre os maiores arrependimentos de não terem feito algo durante a vida. E aí eu me pergunto: O que eu mudaria? Teria feito. Teria dito. Teria tentado. 

A lição que fica mais uma vez pra mim é: aprecie a caminhada. Aproveite as pessoas que estão ao seu lado. É isso que fica. São os momentos com essas pessoas, o que você deixa de você na vida delas. Não importa se pretende ter filhos para ver a sua vida continuar aqui após a morte. Não importa se você plantar uma árvore ou escrever um livro para se eternizar de alguma forma. É sobre viver o agora, é saborear o presente. É estar aqui, prestando atenção no que você está fazendo, com o foco naquilo, e não lá no futuro. Não estou dizendo que não é importante planejar. Mas planejamento demais sem ação não adianta. É preciso fazer acontecer. Pensar demais, atrapalha. Agir demais também atrapalha. A vida é feita de equilíbrio. Saiba de onde veio, seja grato pelo seu passado. Imagine seu futuro, mas não se perca pensando só nisso. Porque a chegada pode ser um ponto de partida. De recomeço. Quando você alcançar o que tanto almeja, vai querer mais. Então, valorize o que já tem. A gente não tem o controle de tudo. E é difícil aceitar isso, às vezes. Mas é preciso aceitar essa vulnerabilidade e fazer o melhor que você pode, em todos os momentos. Viva! Sinta! Se você sabe onde quer chegar, celebre cada passo que você der até lá. Se você já chegou, saiba que sempre terá mais caminho para percorrer. A única chegada certeira infelizmente é a morte. E enquanto essa ainda não chega, simplesmente VIVA! ACORDE!


PS: Voe longe, Celso Rosa! O teu legado foi deixado no coração de cada músico que conviveu contigo! Descanse em paz!