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quarta-feira, 29 de junho de 2016

Ah, cansei!

Ah, cansei!

Ultimamente é tanta coisa que cansa a beleza da gente e que dá até vontade de desligar tudo: computador, televisão, celular, "desligar" o jornal, tudo. É corrupção pra lá, morte pra cá, bebê achado no lixo, protesto pra isso, protesto para aquilo, greve por isso, fofoca daqui, fofoca de lá, é muita gente achando muita coisa e não sabendo nada.

Sério, é muito sério. As pessoas estão ficando cada vez mais chatas. Tudo tem que ter uma fórmula, um só caminho, uma só forma de pensar. Aí vem alguém e diz "temos que aceitar todas as diferenças", outra pessoa ouve e quer a todo custo ser o mais diferente possível. Acho que as pessoas levam tudo muito ao pé da letra e acham que entendem de tudo. Não tem algo pior do que alguém que não está aberto a novas ideias.

Ah, tem coisa pior sim. O ser humano não tem mais limites. E também não tem respeito. Se o fulano matou um cachorro, outro fez protesto pela morte do cachorro, outro vem e xinga porque estão protestando mais pelo cachorro do que se fosse pela morte de uma pessoa. Gente, é simples. O que não pode é matar. Seja cachorro ou gente, é um ser vivo. Vivo. E assim deveria permanecer até que algo natural acontecesse e não por vontade de alguém que tira a vida de uma outra pessoa por motivos banais.

Aí vai lá o jornal e posta sobre a morte, tu liga a TV e está passando acidentes e homicídios. Chegam a passar no horário do meio dia um calendário cheio de sangue mostrando os dias que tinham acontecido atrocidades. Atrocidade é mostrar isso em pleno horário de almoço (neste dia desliguei a TV e comi em paz, ou melhor, tentei depois de ver aquilo).

Não sou contra protestos, sou contra as pessoas acharem que são melhores do que eu por irem no protesto. Não sou contra nenhuma religião, mas sou contra quem ache que a sua religião é a mais certa e que eu deva seguir igual. Não sou contra os animais, inclusive tenho uma cadela que amo de paixão aquela praguinha linda, mas ela ainda é uma cadela e eu a trata tal qual, com o carinho que ela merece. Tudo tem um limite, e é dele que nasce o respeito.

Se algo funciona comigo, não é por isso que vai funcionar do mesmo jeito pra outra pessoa. E eu simplesmente respeito se esta pessoa quiser pensar ou fazer diferente de mim. Se alguém reage de uma maneira diante de uma determinada situação, não quer dizer que eu tenha que reagir da mesma forma. Se eu for num velório e não chorar, não quer dizer que eu não sinta pela morte ou seja indiferente. Quer dizer apenas que eu expresso a minha emoção de uma forma diferente. Se nenhum remédio dá o mesmo efeito de uma pessoa pra outra, porque um sentimento seria igual em ambas? 

Hoje eu posso estar apressado pra ir pro trabalho e não paro em nenhuma faixa de pedestre, ultrapasso todo mundo, e no outro dia (ou até no mesmo dia) posso estar tranquilo passando pela mesma rua bem devagar e o carro de trás pode estar querendo passar por cima do meu como fiz antes quando estava atrasada.

É uma pena não existir um remédio que fizesse as pessoas olharem pro próprio umbigo antes de saírem falando e julgando. Que fizesse a gente enxergar além do que a minha razão acha que é certo. Que me teletransportasse pro lugar da pessoa e visse que naquela situação eu agiria parecido. Afinal, só entendemos a dor do outro quando passamos pela mesma. Só entendemos o nosso limite, quando já passamos dele. Só aprendemos a respeitar quando, ops... ainda não aprendemos a nos respeitar.