Pages

quinta-feira, 16 de junho de 2022

Vida no mute

Hoje completo uma semana rouca. Para pessoas que não utilizam a voz pra trabalhar, pode até parecer frescura. Mas se você entender que todas as profissões de certa forma necessitam que a gente se comunique de alguma forma, a voz é a nossa forma de linguagem principal. Fiquei lembrando das pessoas que tem deficiência e não podem falar. Minha vida é feita de sons e eu não consigo não falar enquanto trabalho. Infelizmente, depende somente disso pra conseguir exercer a minha missão. 

Vida no mute. Mundo no mute. Sempre que fico rouca procuro razões que me levaram a eu entrar nesse estado além das físicas. Porque acredito muito que quando a boca cala, o corpo fala. O que será que eu não falei? O que será que não consegui botar pra fora ou digerir de sentimentos nesse último mês? Aí paro e percebo que foram tantas coisas. E fui me jogando no trabalho o dia todo, sem hora limite, sem tempo pra cuidar de mim. Meu corpo não teria outra reação a não ser dizer: "Chega, menina!".

Chega, porque agora você vai ficar "muda" é pra ouvir mais o seu coração. Sem voz exterior pra cantar em microfones. Mas ouvindo a mim mesma. O que a minha voz interior diz. Ironicamente ou não, o último curso que dei foi Afinando as Emoções em que eu dizia exatamente tudo isso. A garganta está como uma ponte entre nosso coração e o nosso cérebro. E quando a gente está com essas duas polaridades desequilibradas, essa ponte fica interditada. Lembram do famoso "nó na garganta"? Pois é, está aí ele, me mostrando que nem eu que lido com a voz o dia todo, estou livre de passar por isso.

Pensar mais que sentir. Foi o que eu fiz no último mês. Me sinto como um celular cheio, com memória insuficiente pra botar mais coisas pra dentro. Me sinto como um navegador aberto no computador, cheio de abas abertas, que vai ficando lento, perdido, sem saber por onde recomeçar. E o tempo está passando e eu sei que quando voltar, tudo que deixei de fazer, vou ter que cumprir em algum momento. E como é difícil controlar a mente pra não me colocar sob pressão e acabar atropelando as etapas. A gente quer tudo pra ontem, né? Mas nem sempre dá. A vida vem e mostra que tudo tem seu tempo. E querer ter o controle de tudo, é ilusão. Por isso hoje decidi muitas coisas, mas a mais importante é: o meu limite. Só posso oferecer meu talento, meu servir, se estiver bem comigo mesma. Sem isso, não posso ajudar ninguém. Então, continue a nadar.... continue a nadar. Sigo em frente, com algumas restrições e valores que eu não abrirei mão! No silêncio ou no som, minha voz há de achar o seu lugar. E eu também!