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terça-feira, 27 de julho de 2010

Apenas uma reflexão do meu momento

Este ano completou 4 anos que eu toco em barzinhos. Passou tão rápido e ao mesmo tempo eu vi muita, muita coisa acontecer. Tantas coisas que poderia escrever um livro sobre tudo que eu vejo do palco e por trás dos palcos. Aprendi muito no bar. Coisas que nenhuma escola, nenhuma aula de canto, nenhum canudo de graduação me ensinaria. Perdi o medo de falar em público, adquiri muita cara de pau mesmo. E de um ano pra cá, tenho me sentido mais livre. Mais à vontade, mais eu. E não levem para o lado egocêntrico da coisa. Eu simplesmente acho que me aceitei como Lívia e aprendi a me conhecer melhor. Aprendi a gostar de mim e a mostrar para as outras pessoas como eu quero que elas me vejam.


Acho que tudo veio de um processo bem lento, mas que valeu muito a pena e eu consigo perceber todo o resultado. Finalmente estou colhendo os primeiros frutos de uma plantação que custou vários desafios. E o pior desafio estava aqui, bem dentro de mim. Ops, eu mesma. Parei de achar que o mundo estava contra mim, simplesmente aceito quando não estou bem e vivo aquele dia como um dia passageiro, um dia para refletir, para me conformar que nem todos os dias são iguais, nem são tão bons assim. Mas amanhã terá sol. Amanhã eu terei uma outra chance. E o fato de eu pensar que amanhã existirá, é porque tenho fé. Pra mim, o meu gesto de colocar o relógio para despertar no outro dia, é sinal de que eu tenho fé.


E quando comecei a acreditar em mim e tomar posse dessa pessoa que me tornei e de que tenho orgulho, aceitei melhor o tempo que as coisas acontecem. E cada coisa tem o seu tempo. Eu também tive o meu. Não foi da noite pro dia que eu comecei a cantar, não foi num piscar de olhos que eu toquei piano, tudo fez parte de um processo. "A gente não se liberta de um hábito atirando-o pela janela: é preciso fazê-lo descer a escada, degrau por degrau" (Mark Twain). E até eu processar tudo, foi o tempo certo para eu chegar aqui e perceber todos estes resultados. E valorizá-los. E como é difícil a gente se perceber. É muito mais fácil perceber as mudanças nas outras pessoas, incluindo as rugas, as manias e tudo que é defeito nos outros. Como eu me olho todos os dias no espelho, parece que eu sou aquela velha menina tímida, desconfiada, desajeitada....


Ainda bem que o tempo colaborou! Mas se eu não fizesse nada por mim, nada mudaria. Sempre gostei de me desafiar e de nunca me conformar com: "ah eu nasci assim e pronto, o resto que me aguente!". Não que eu queira agradar as outras pessoas, mas acho que gentileza, educação, bom caráter, são princípios básicos para uma boa convivência e indo ao encontro da campanha que está rolando na UNISC, eu quero ser lembrada como uma boa pessoa. E eu não mudo pelos outros, mudo por mim mesma, pelo que eu acho certo. Pelo que eu acho melhor pra mim. Aliás, acho que no fundo, ninguém muda por ninguém não. A gente só muda quando enxerga que aquilo ali tem que ser assim porque a gente acha que é o melhor pra gente, e não porque outra pessoa acha isso.


Enfim, comecei o texto falando dos barzinhos. Pois bem, posso dizer que os "botecos" me ensinaram muito. Aprendi a lidar com pessoas diferentes, a observar como as pessoas agem em grupos (na noite todo mundo quer conquistar o outro, independente de qualquer intenção), aprendi a vender minha dupla e banda, a entender um pouco mais do que se passa na cabeça dos contratantes, em como eu posso fazer pra eles me entenderem, aprendi em como conquistar o público (com humildade e um bom e largo sorriso no rosto). Quando eu subo no palco, esqueço o que estava lá atrás (problemas, preocupações) e estou ali assim como o garçon está para o bar. Sim, não posso pensar que estou fazendo um show num boteco. Ali eu sou um legítimo cartão de visitas. As pessoas podem entrar no bar e se sentirem à vontade com o ambiente, com a decoração. Mas se as peças vivas que compõem o bar não estiverem de acordo com esse "aconchego", pode ter certeza: os clientes não voltarão outra vez ao mesmo bar. Por exemplo, se eu ficar aumentando o volume pra que eles prestem atenção em mim a todo custo, só vou afastá-los do meu objetivo. E do objetivo do dono do bar também. Eu sei: o dono quer que eles bebam mais pra vender cerveja, as pessoas estão indo lá pra se divertir e se distanciar dos seus problemas em casa e no trabalho, e eu estou lá pra fazer o que gosto e ganhar meu dinheiro no final da noite. Mas não é só isso. Entender esse processo que estou há 4 anos, me deixa mais conformada porque sei que o que eu tinha pra absorver de observações e aprendizado, eu consegui ao longo desse tempo. O boteco me ensinou e eu "me deixei aprender"!

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