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quarta-feira, 30 de abril de 2008

Chegando mais perto de Deus

Desde muito pequena sempre fui fascinada pelo céu: estrelas, aviões, nuvens, sol, lua. E acredito que toda criança fantasia infinitamente o céu por não conhecer os seus mistérios e também, porque não lembrar, os seus perigos. E qual o ser humano que nunca imaginou ou sonhou estar voando e ver o mundo de cima?

Mas entre imaginar e fazer há uma grande diferença e uma distância tão proporcional quanto o céu da terra. E quando penso que já vi de tudo, eis que me lembro do Pe. Adelir De Carli. Sim, aquele mesmo que sumiu do mapa – literalmente – pendurado em milhares de balões cheios de gás hélio. Tudo bem que ele diz ser por defesa de uma causa social, mas convenhamos, não haveria melhor forma e conduta de um padre para defender uma causa social?

Onde está o bom exemplo? Sim, porque quando eu era bem pequena, além de imaginar os mistérios que o céu esconde, eu já sabia o que era um padre, sabia o respeito que eu deveria ter por esta figura, e o que ele representava para a sociedade – sendo ela cristã ou não. E não precisa ser nenhuma criança super dotada para se ter consciência disso. Hoje em dia, não sou lá muito devota e “praticante”, no entanto, pratico em atitudes no meu dia-a-dia que refletem a minha educação e minha fé.

Algo que sempre questionei é o sermão e a prática. Os padres dão sermões falando sobre a família, sobre a vida – em geral e de Jesus – sobre os últimos acontecimentos no mundo. Mas sempre me perguntei como um padre pode falar do matrimônio e sobre a vida de um casal, sem ao menos ter experiência nisso? Não estou criticando aqui o papel de padres poderem dar sermões e falar sobre o casamento, mas sim o fato de alguém discutir sobre algo que nunca experimentou, nunca viveu, nunca sentiu na pele o que é estar debaixo do mesmo teto com alguém, compartilhando uma vida a dois, e ainda com filhos, com contas para pagar, com preocupações do trabalho e dos estudos. E se você está pensando que eu sou a favor de que padres deveriam ter essa experiência e a liberdade de poder se casar ou não, você com certeza não está enganado a meu respeito.

Mas voltando ao padre dos balões, questiono-me sobre outro ponto. Eu como uma católica praticante de atitudes, sei que 2008 é o ano da preservação da vida, de acordo com a Campanha da Fraternidade. E considero que não se trata somente da preservação da nossa própria vida como da vida do próximo também. Em menos de um mês da morte de uma criança sendo jogada brutalmente da janela de um prédio, um padre, em sua sã consciência, se pendurar em balões e se deixar levar pelos ventos – ah, sem contar a chuva que ele ignorou – é de se espantar e fugir da Igreja mesmo. Não querendo generalizar, mas um ato de puro exibicionismo e teimosia como esse, pode denegrir toda uma classe de padres que – eu espero poder continuar acreditando – têm uma consciência de alguém em seu bom estado mental, com atitudes de pessoas que devem, sim, dar o bom exemplo, preservando sua vida e orientando todos os cristãos a chegarem mais perto de Deus, de uma forma mais rápida e menos perigosa (vá que um avião o atropelasse!), ou seja: orando.

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