Pages

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

A hora de sair de cena...

Sabe quando você está numa festa que está muito boa, o pessoal já começou a ir embora, mas você quer ficar só mais um pouquinho pra não perder nenhum minutinho? Mas se vai embora mais tarde fica com aquela sensação de "putz, eu devia de ter ido embora antes!". Estou sentindo isso com relação ao trabalho. Às vezes é melhor sair de cena na hora que a festa está boa e mesmo doendo, sabendo que talvez você perca aquele deslize da fulana, aquele babado do ciclano, é hora de sair à francesa e sair com a melhor imagem possível na sua memória (acho que por isso que eu não vou em velório, prefiro ficar com aquela imagem da pessoa viva).

Dói saber que ao sair de um emprego você seja substituível por outra pessoa mais engraçada, talvez até mais talentosa, mas é preciso cortar o cordão umbilical. É saudável. A vida é feita de vais e vens e isso a gente não consegue controlar. É difícil se conformar com a perda de alguns colegas que se tornaram amigos, pessoas que você convivia todos os dias e que tornavam os seus longos dias de trabalho mais prazerosos. Compensava o stress, o cansaço. E dava ânimo pra tu sair de casa cedinho e ir trabalhar mais um santo dia.

E quando a coisa começa a não fluir mais, que você vê que já é hora de se despedir, já está tarde, você precisa sair da festa antes que o feitiço da fada madrinha se quebre... mas a festa está boa e você não quer que o tempo passe. Não quer ver o que não está dando certo. A gente acaba vendo só as coisas boas. É como num namoro que às vezes o casal nem se gosta mais, mas continuam ali tentando ressucitar algum sentimento que ainda há e acabam só enxergando o lado bom um do outro no final, com medo da separação, que a razão sabe que seria a melhor solução.

Difícil separação, em qualquer situação. Estou me separando de diversas coisas neste mês. Algumas boas, outras nem tanto. Mas eu só consigo me lembrar das coisas boas que tive durante o período. E abrir mão de certas coisas é renunciar a certas regalias, a certos hábitos, que com o tempo vão ser substituídos também e não farão mais tanta falta quanto a gente imagina. Mas, no início, parece que a gente não consegue viver sem. Ainda bem que somos seres adaptáveis, moldáveis. E a vida assim como tira coisas da gente, também nos traz muitas coisas novas e boas.

Está parecendo como quando eu ía nas festinhas de garagem e a mãe vinha buscar no melhor momento da festa e a gente ía lá no carro, morto de vergonha dos outros colegas, e dizia: "Mãe, não dá pra tu vir me buscar mais tarde? Deixa eu ficar só mais um pouquinho?" Hoje eu faço o papel do filho (emoção) e da mãe (razão) que corta o nosso barato, mas a gente sabe que ela está fazendo o melhor pra gente. O que a razão está mandando. E é a minha consciência que diz que o melhor é ir embora, antes que a festa acabe, todo mundo vá embora e eu ainda fique pra lavar a louça e colocar os restos no lixo.

2 comentários:

  1. Lívia!!! Mto tri esse texto... sério, digno de coluna em jornal =). Acho q é exatamente o q penso, colocado de forma organizada e mais clara, principalmente no que se refere ao momento que precisamos deixar pra trás algo q ainda talvez possamos considerar fundamental pra nossa vida, mas que pode se mostrar a melhor coisa q podíamos ter feito no futuro...
    ;-)

    ResponderExcluir
  2. Obrigada!!!!!!
    Valeu mesmo pelas palavras!!
    Adoro ver outras pessoas se identificando com o que eu ando escrevendo!
    Não me sinto sozinha nessa!!!
    ;) Bjos Ricardo!!

    ResponderExcluir